Entre fumícios natalícios e ajuntamentos familiares, terminou mais um Natal; prepara-se a entrada de um novo Ano. As estrelinhas e enfeites ainda brilham. Eu sobrevivi à época, mas os meus neurónios não aguentaram a pressão familiar. A questão que se coloca é: a família.
Família é aquela que partilha o nosso sangue; ou família, é a aquela que nos conhece mais do que os outros, e mesmo assim nos aceita e respeita tal como somos?
Quando chegamos a esta altura, é inevitável não reflectir ou falar sobre a época natalícia. O que tem ela de especial que nos suscite sentimentos, ou que nos faça ter vontade de dizer algo sobre ela? (Nem a todos, bem sei.)Há dias em que o fundo do poço parece estar a milímetros da tua cara. Quando pensas que nada mais de mau podia acontecer…cai-te o mundo em cima e perguntas: o que faço aqui?
Corpos que nascem com toda a sorte do mundo, seres em que todo o azar do universo fez deles a sua cama.
Tudo isto para equilibrar o quê? Uma balança divina invisível? Uma harmonia do Universo em que é necessário a existência dos opostos para saber o que é o pseudo equilíbrio?
O que é isto? Uma espécie de divina comédia, que de divina só tem a sensação de impotência, e que de comédia tem os actores, palhaços planetários, que se recusam a assumir a existência do destino, para se confortarem com uma frágil ideia de liberdade?
A sério? O que é isto?...?
Uma Fantastic Starlight surgiu diante da ponta do meu enorme nariz.
Foi impressionante vê-la porque a enormidade do meu nariz sempre me cegou.
Imagina ser um Pinóquio que quer olhar olhos nos olhos para alguém, mas nunca consegue; primeiro: porque, habitualmente, espeta o nariz no olho ou na tola da pessoa com quem fala; segundo: está obcecado pela ponta do nariz, nunca consegue ver os outros porque a ponta se intromete.
O que será maior, a ponta do nariz ou o tamanho do ego?
Alguém que obedece a tudo, alguém que diz sim quando quer dizer não, alguém que só o faz para não contrariar os outros...vale a pena ser assim?
